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domingo, 25 de outubro de 2015

Se conduzir, não tome antidepressivos (mais uma história de lamentar!)

Andava eu como uma velha carpideira, a lacrimejar pelos cantos da casa e do trabalho, e sem motivo aparente, quando decidi ir à médica de família.
Ora, a Dra. que já não me pode ver nem banhada a ouro, porque insisto em fazer piadinhas com os pacientes que estão na sala de espera, com a enfermeira cujo queixo tem pêlo, com o programa informático do qual ninguém percebe e com o facto de nunca haver uma caneta que escreva quando se precisa; lá me diagnosticou uma depressão com possível esgotamento associado. Deu-me um antidepressivo e mais uns comprimidos para dormir, e mandou-me para casa pensar nos motivos pelos quais poderia andar a carpir-me.

Como sou uma mulher com "eles" no sítio, ignorei a baixa e fui trabalhar, porque no escritório a depressão é considerada uma pandeleirice e como tal não é uma doença mortal.
Quando cheguei a casa, tomei os medicamentos que a Dra. me prescreveu e fui para o sofá imaginar no feliz e preenchida que me iria sentir no dia seguinte.

Acordei, de manhã, no sofá, numa posição que poderia ser retirada do "Exorcista" e mixada com o "Cirque du Soleil", a babar-me para cima da camisola e sem sentir o braço esquerdo porque possivelmente ficou uma noite inteira debaixo do corpo.
Levantei-me a muito custo, com a cabeça às voltas, a cambalear para a casa de banho, a tropeçar em tudo o mexia (vasos, móveis, candeeiros, tapetes) ou que me parecia mexer. Tomei banho (com água que ainda hoje não sei a temperatura), tentei maquilhar-me só com a mão direita porque o braço e mão esquerdos continuavam dormentes e antes de ir trabalhar ainda tomei o antidepressivo que era para de manhã.


Não posso dizer que a manhã em si tenha sido desagradável, acho que foi bastante aprazível até. Os colegas falavam comigo e eu limitava-me a sorrir. Mandaram-me duas ou três bocas por causa do Glorioso e eu limitei-me a acenar com a cabeça (porque o braço continuava dormente). Um deles até comeu metade do meu Toblerone de reserva, e eu, gentilmente, ofereci-lhe o resto.
Depois de almoço, o meu estado piorou consideravelmente...já sentia o braço (mas pouco), mas a sonolência estava a ser muito complicada de gerir. Digamos que os comprimidos da noite anterior, com o antidepressivo da manhã, com o polvo à lagareiro da hora de almoço, com o som da chuva a bater na janela, eram a receita perfeita para adormecer para cima da papelada e começar a sonhar com unicórnios e duendes. Acabei por sair mais cedo, porque ficou definido no escritório que se eu acordada era um perigo público ao volante, a dormitar seria muito, muito pior.

Já no caminho para casa, tive a brilhante ideia de passar na Nespresso do Vasco da Gama, porque se havia coisa que eu iria precisar nos próximos dias, era de café. Aí fui eu em direcção ao Vasco da Gama, mais propriamente na direcção do parque de estacionamento subterrâneo.

Ao entrar no parque de estacionamento, e tendo em conta que fazia muito frio e chuva, a diferença de temperatura fez com que os vidros do carro se embaciassem. Eu continuei na maior das calmas, a tentar conduzir à minha velocidade normal e a limpar o vidro com o braço esquerdo (o dormente). Nisto senti um estrondo no carro. Parei, abri o vidro, não vi ninguém atrás, não vi ninguém à frente, na realidade também não vi ninguém de lado, nem em lado nenhum.
Parei um bocadinho mais à frente, a pensar se teria sido vitima de uma tentativa de carjacking, mas não vi ninguém. Saí do carro à procura de um sinal do que quer que fosse, e não vi nada. Andei à volta do carro e estava tudo normal, pneus sem furos, portas sem riscos, só o pára-choques é que tinha ali uma coisinha (mas isso foi de outras núpcias). Comecei então a olhar para a entrada do parque de estacionamento, onde vi carros a tirar um ticket e as cancelas a abrirem, e quando olhei bem para a cancela do lado esquerdo vi que estava ligeiramente abaulada! De repente caiu-me a ficha: "Ahhhhh! Então foi isso...levei a cancela à frente!"


Estacionei o carro com aquela calma que só a medicação pode fazer e fui à procura da casinha dos seguranças. Quando cheguei, estava uma Sra. Segurança muito simpática a quem eu expliquei a situação e que me disse "Não filha, é impossível! Então e o carro ficava sem nada? Deixe-me lá ir ver à sala das câmaras". E lá foi, ao fim de 5 minutos comecei a ouvir gargalhadas, e saiu de lá a senhora com mais dois colegas "Ai filha, estamos fartos de rir, isto parecia um filme do Chuck Norris".
Eu expliquei a situação dos medicamentos e lá me deram um ticket novo.
Bem, não foi de todo mau, porque saí sem pagar a cancela que deixei em forma de hélice.

Quando saí, fui para casa dormir, e quando acordei peguei nos medicamentos todos e mandei-os bardamerda.
Concluí que por este andar os medicamentos anti-depressão ainda me iam meter em despesa e como tal deprimir-me mais, e que era muito mais barato carpir-me e gritar com o Ben (o gato) do que drogar-me.


A vossa

Ameixa Seca



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